Apresento
esta tela em óleo e acrílico, que criei e pintei com a imaginação possível, com
o intuito de demonstrar a fase mais negra da minha vida. Uma marca para
recordar, uma data que não dá para esquecer.
Foram vários anos de uma dor oculta, que
procurei vencer sozinho.
O tempo foi passando, mas as marcas…
Por
vezes me pergunto:
Será que deixei as “ruinas” e
voltei a “viver”? Ou simplesmente…
“Me esqueci de viver”.
O significado da tela;
“RUINAS” OU VIDA DEPOIS
DA MORTE
O
que fiz eu? Ou, ou o que me fizeram?
Pergunta trágica que todo aquele que chega à
“idade da razão” sente que se fórmula na sua angustiada consciência.
Angustiante momento, o da pergunta acerca do
passado, do passado produzido por alguém, por outros ou por mim mesmo.
Angustia que provem da esperança, esse fundo
último da vida humana, se deter perante o enigma do passado, perante a sua
marca no presente adverso, que chegou a mim como um momento apenas, carregado
de consequências, de um tempo ignorado.
O esclarecimento da própria culpa traz a máxima
libertação, ao sentir-me responsável, a pessoa em mim afirma-se na sua plenitude,
e talvez por isso corro o risco de assumir a culpa que não me pertence.
Com esse carácter impessoal que me aproxima da
natureza e a que chamo “destino”, é justamente o terreno da tragédia. Não os
acontecimentos tal como foram, mas sim o que deles ficou: A sua Ruína.
As ruínas são o que há de mais vivo da
história, pois só vive historicamente a pessoa que sobreviveu à destruição de
tudo na sua vida e daquilo que palpita no seu fundo. De algum sonho de
liberdade aprisionado na consciência e se atreve a aflorar de uma tragédia cujo
autor é simplesmente o tempo, ninguém a fez, fez-se, já não do que fui, mas do
que não consegui ser.
Tempo de um passado que continua a sê-lo. Que
se atualiza como passado e que mostra, ao mesmo tempo um futuro que nunca foi,
caído do ontem fazendo-me padecer também de um futuro que nunca foi presente.
Reduziu-me ao mínimo e deixou visível em toda a
plenitude o horizonte, a passagem das coisas da vida, algo conquistado por ter
levado até ao fim a esperança no seu limite extremo, e ter suportado o seu
fracasso e ainda a sua morte, esse algo que permanece do tudo que passa.
Não há ruína sem vida vegetal; sem era ou musgo
que brotem das fendas da pedra, como um delírio da vida que nasce da morte.
Assim,
as ruínas acabam por ser a imagem perfeita do sonho que habita no mais profundo
da vida humana. Mas, no final dos seus padeceres, algo de seu voltará à terra
para continuar o ciclo vida-morte e que algo escapara libertando-me e ficando
ao mesmo tempo interminavelmente.
Manuel Fernandes de Freitas
16-10-2008
Parabéns... Mais uma vez o seu lado criativo está em alta!!
ResponderExcluirBeijinhos